Crítica à obra Tcharafna de Guimohallem


Relembranças do passado: Paralelos
            Na obra Tcharafna, Guimohallem cria conexões entre o antigo e novo, o velho e o jovem, nos transportando para a simplicidade da vida de nossos antepassados.
            Guimohallem realiza uma apresentação de diversas fotos e vídeo, que nos relembra tudo que vimos ou ouvimos dos mais velhos de nossas famílias, refletindo de como era o modo de vida na época destas pessoas.
            Nota-se a apresentação de fotos de aparência antiga, a partir da reprodução de retratos em preto e branco e a partir da apresentação de lugares que demonstram certa idade de existência, fazendo constantemente um paralelo com a atualidade, a juventude e a transformação.
            O fotografo utiliza predominantemente de cores contrastantes, como o branco, o vermelho e preto, relatando o contraste entre o antigo e o novo, como ao mostrar imagens do interior de uma casa e posteriormente mostrar imagens do exterior da mesma, já destruída devido ao tempo, tendo uma predominância de ilustrar o ambiente rural, simples e as situações de quem vive nestes.
            Um outro exemplo da representação desta passagem do tempo é a presença de pessoas idosas e pessoas jovens, as idosas em alguns momentos relacionadas aos problemas da velhice, como a doenças de pele e de esquecimento de algumas situações.
            Outra relação entre estas duas gerações é o pote de amoras, que primeiro é mostrado cheio, depois vazio e posteriormente descobrimos que um jovem comeu as amoras. Amoras que podem ser relacionadas a questões de lembranças do passado, em que muitas vezes as lembranças completas dos idosos são esquecidas por estes mesmos e pelos jovens que ouviam suas histórias.
            A perda das lembranças pode ser metaforicamente relacionada também com a forte presença de imagens e vídeos de água na obra, como em torneiras, praias, que podem ilustrar liquidez do nosso mundo, em que a água leva embora muitas lembranças e situações do passado, uma forma de ora esquecimento, ora purificação.
            Desta forma, Guimohallem nos transporta através do tempo, ativando nossa memória para situações simples que raramente nos lembramos e damos a devida importância, mas que fazem parte de nossa história.

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